Leda Neto, Augusto José
Energia Elétrica no Amazonas: Aspectos históricos e atuais.
Introdução
O Amazonas é o maior estado do Brasil em extensão territorial, com uma área de 1.570.745,680 km², possui a maior floresta preservada, cerca de 98% do território , nele fica parte da maior bacia hidrográfica do planeta, isso representa a imensidão e a complexidade que é dotar o estado de serviços de qualidade, e em especial o de energia. A região é abastecida por um sistema isolado, compostos por termelétricas na maioria de seus municipios e localidades, mais nem sempre foi assim.
A história nos mostra que já é de longas datas que esse desafio vem tentando ser superado, passando por vários ciclos econômicos e de desenvolvimento da região, no entanto, suprir essa região de energia elétrica de qualidade não é tão simples, passa por inúmeras dificuldades, dentre elas podemos citar: a grande imensidão do território, a baixa densidade demográfica, sistemas isolados, difícil acesso, complexo apoio logístico e de manutenção, dentre muitas adversidades.
Uma das características do estado é possuir as suas principais cidade nas calhas dos rios, onde há pequena infra-estrutura, há também localidades ainda mais isoladas, comunidades dotadas de palafitas, formadas ao longo das margens dos rios e igarapés, abrigando pessoas que vivem da pesca e da agricultura familiar, sem nenhuma outra fonte de renda, portanto, nenhuma atratividade para o setor energético, pois as mesmas também não possuem demandas que justifiquem a visão capitalista de investimentos.
Mais diferente da maior parte do Amazonas, há um Oasis no meio do estado, esse se chama Manaus, estratégica para a preservação e o portão de entrada para a Amazônia, hoje uma das capitais mais ricas, com o 5˚ maior PIB do Brasil, necessita de uma atenção especial para o fornecimento de energia, nela esta encravado o Parque Industrial de Manaus, PIM, modelo de desenvolvimento que muito contribuiu para a conjuntura do estado.
Histórico da Energia no Amazonas
Desde o inicio da colonização do Amazonas é percebido o potencial da biomassa para geração de energia, a primeira forma de utilização da mata como combustível para a geração de energia, foi para abastecer os barcos que navegavam pela região. Os barcos exploradores eram compostos de máquinas a vapor, que queimavam lenha e carvão para a geração da energia de propulsão dos barcos, sendo o marco inicial de uma necessidade energética.
Mais foi a partir do inicio do ciclo da borracha que passa a existir grandes modificações socioeconômicas, a exploração desse material trouxe riqueza e prosperidade, atraiu pessoas de muitos estados brasileiros para trabalhar nos seringais, houve o aumento exponencialmente da população de estado, trazendo toda necessidade de infra-estrutura para a região, e a economia da borracha deu a Manaus a primazia da iluminação publica (Souza, Rubens, 96).
Sistemas de iluminação a gás, abastecimento de água, e o transporte dotado de bonde elétrico dotaram a cidade de Manaus de uma boa infra-estrutura já no inicio do século XX, isso demandando a adoção de um sistema de geração e distribuição de energia elétrica. A primeira usina a abastecer a cidade era constituída de um sistema a vapor (caldeira, turbina), que entregava energia mecânica a um dínamo com potência de 400 kW a uma tensão de 500 Volts em corrente continua (Loreiro,1978), isso em 1895, e em1896, é inaugurado a iluminação do Teatro Amazonas, energia essa constituída por uma pequena usina com duas máquinas a vapor, (Monteiro, 1965), e em 1897 a cidade possuía 16 km de linha, em 1903 é inaugurado a usina elétrica para atender o porto, caracterizada também por duas caldeiras e turbinas, alimentadas a lenha, com potencial para gerar 150kw/250V CC, em 1907 é inaugurada uma usina a vapor de 580 kW, constituída de 2 Caldeiras e 2 turbinas para atender a nova demanda da estação de bombeamento e filtragem de água, localizada na Ponta do Esmael (Loureiro, 1985). No ano de 1910 é inaugurada a usina de geração de energia situada no plano inclinado que constava de uma sistema a vapor, abastecido por lenha e carvão vegetal, com capacidade de 1400 kW em 550V em CC.
Com o declínio da comercialização da borracha a capital amazonense passa por um período de fracos investimentos na área energética sendo retomado apenas no período da segunda guerra mundial, nessa fase inicia-se através da iniciativa privada, onde vê no beneficiamento de produtos regionais uma boa chance de retomar o crescimento regional. Essas indústrias de beneficiamento geravam a sua própria energia quer mecânica ou térmica para beneficiar sua matéria prima regional. Surge então pela primeira vez no Estado, a situação e o conceito de auto-produtor, (Diniz Alkimin).
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